O
artista de Toronto, Abel Tesfaye, lançou o seu novo álbum “After Hours” a
20 de março. Em entrevista à revista americana Billboard, o cantor reconheceu que foi “bastante
bizarro” lançar e promover um álbum tendo em conta o clima atual.
The
Weeknd admitiu, inicialmente, que “poderia ser insensível” lançar “After Hours”
enquanto o mundo se depara com a crise sanitária do coronavírus. Os álbuns de
cantores tais como Lady Gaga, Alicia Keys, Sam Smith e muitos outros artistas
foram adiados por vários meses, tanto devido a questões de marketing assim como
ao maior receio de poder parecer indiferente face à tragédia a que assistimos.
Ainda
assim, Tesfaye argumentou que o álbum poderia ajudar algumas pessoas a
abstrair-se da realidade, mesmo que apenas durante uma hora por dia, e, no dia
30 de março, lançou mais três faixas que fazem parte da edição especial de
“After Hours”. A chegada desta edição segue-se a dois anos de espera desde o
lançamento do seu último trabalho, o EP de 2018 “My Dear Melancholy”.
De
forma a promover o novo álbum, The Weeknd tem uma tour global agendada para
iniciar no dia 22 de junho, com a primeira paragem em St. Paul, Minnesota. Ainda assim, as datas poderão vir a mudar como resultado da pandemia do COVID-19. Um grande
número de outros artistas já suspendeu as suas tours até existirem notícias em
contrário.
O
álbum “After Hours” estreou-se no topo da lista da Billboard para os 200 álbuns
mais vendidos semanalmente, logo na primeira semana de abril. Até mesmo na
primeira semana após o seu lançamento, os números confirmavam o recorde,
contando com 2 biliões de streaming global e aproximadamente 2 milhões de
consumo global (uma combinação de streaming e vendas), o que facilmente entregou
o primeiro lugar a “After Hours” em países como os Estados Unidos da América,
Austrália, Reino Unido, Irlanda, Suécia, Noruega, Holanda, Bélgica, Itália e
Nova Zelândia.
No
que toca à parte criativa do álbum, este representa igualmente um sucesso.
“After Hours” alcança o melhor equilíbrio do cantor até à data, ficando entre o
melodrama sombrio do EP de 2018 “My Dear Melancholy” e a melodia pop do LP de
2016 “Starboy” - é, ao mesmo tempo, sofrido e elegante, frio mas delicado. Conhecido
e conduzido pelos singles de sucesso ‘Blinding Lights’ e ‘Heartless’, este
álbum combina baladas com músicas enérgicas e reflete a perspetiva de
amadurecimento de um The Weeknd que acabou de completar 30 anos de idade.
O novo marco da sua vida, que o coloca numa outra faixa etária, permitiu a The Weeknd
revisitar os demónios do seu passado. Com as suas referências diretas a drogas,
dor, oração, morte e até mesmo à música ‘Losing My Religion’ de Elton John, o
single ‘Faith’ levanta sérias questões. A música fala sobre o período mais
sombrio de toda a vida do cantor - por volta de 2013/2014 - quando se tornou
famoso. Na altura, The Weeknd chegou mesmo a ser preso em Las Vegas por agredir
um polícia e, por isso, no final de ‘Faith’ ouvem-se sirenes.
O
ritmo da música de The Weeknd pode, por vezes, parecer impessoal, especialmente
quando a quantidade de efeitos sobre a sua voz faz parecer que este canta de um
sítio bem longínquo. No entanto, ele faz isso inspirando-se no pop de êxtase
dos anos 80, particularmente em Michael Jackson, uma clara influência vocal.
Versão em inglês aqui.
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